A campanha salarial foi considerada positiva. Em todos os grupos foi garantida a reposição total da inflação, os pisos salariais tiveram reajuste de até 29% e o pessoal das montadoras conquistou aumento real.
A mobilização da categoria deu o respaldo necessário para as negociações. E a surpresa nesta campanha foi o envolvimento dos mensalistas, trabalhadores que normalmente não cruzam os braços antes dos trabalhadores na produção. Com eles foi possível aumentar a pressão pela extinção do teto salarial.
Inicialmente, os grupos patronais ficaram esperando uma definição da Anfavea, e esta começou a negociação timidamente, fazendo uma proposta que foi rejeitada pelos trabalhadores.
A partir daí o Sindicato buscou um acordo com as montadoras, já que a Anfavea não havia melhorado a proposta e recorreu ao dissídio.
Com a obtenção de acordos mais favoráveis, estes passaram a ser referência também para os outros grupos.
Os acordos mostraram a possibilidade da concessão de reposição total das perdas e mais o aumento real nas montadoras, com exceção da Volks que continuou com o processo no TRT.
No grupo 5, em que desponta o Sindipeças, os patrões queriam descontar o abono concedido no primeiro semestre por conta da reposição de parte da inflação e ameaçaram retirar cláusulas sociais.
Ao final, concordaram com a reposição da inflação, melhorias nas cláusulas sociais, duas faixas de piso e mudança da data-base para setembro no próximo ano.
E nos outros grupos todos acabaram concordando com a reposição e foram obtidos avanços como auxílio-creche e outras cláusulas. Em todos os grupos os pisos salariais tiveram reajuste maior que a inflação, variando entre 17% e até 29%, melhorando os salários mais baixos.
Conseguiu-se com essa campanha, pela segunda vez, a renovação das cláusulas sociais por dois anos.
Uma outra novidade, foi a garantia da reposição total da inflação, no próximo ano, aos trabalhadores na Toyota, Mercedes, Scania e Ford, o que já vai servir de referência nas outras negociações.
Esta campanha foi realizada de forma estadual, envolvendo cerca de 200 mil trabalhadores.
Mas, um dos resultados da campanha foi de que os metalúrgicos do ABC se distanciaram cada vez mais dos metalúrgicos de outras regiões, evidenciando-se a necessidade de avançar na luta pelo contrato coletivo nacional, no sentido de estabelecer condições salariais semelhantes em todo Brasil.
Fonte: Tribuna Metalúrgica nº 1744, 12/11/2003 “Feijóo: “Campanha foi um sucesso”